terça-feira, 31 de março de 2009

Equipes de Alto Desempenho

A cultura grega foi a que alcançou o maior desenvolvimento intelectual na antiguidade, tanto que seus reflexos chegaram até os dias atuais. A religião grega tinha uma curiosa particularidade: não havia sacerdote e as pessoas não se preocupavam com a salvação da alma. O politeísmo era uma fonte de amplificação da compreensão das coisas do mundo. Por isso os gregos eram tão avançados. Cada deus carregava em si uma lição moral ou interpretação dos fenômenos da natureza e da vida. Esse paganismo suscita a idéia de que o mundo divino era povoado por deuses que formavam uma equipe – cada um com a sua função e simbolismo. O fortalecimento da grande religião monoteísta consolidou a figura da entidade detentora da única verdade. Como as divindades são reflexos dos anseios humanos, essa unicidade cognitiva teve como conseqüência o fechamento dos centros nervosos e criativos, levando a humanidade aos porões do obscurantismo. Uma das conseqüências foi o fortalecimento da figura do herói e salvador, um arquétipo que se incrustou no inconsciente coletivo resultando na supervalorização do líder e desconsideração do trabalho dos liderados.

Os registros históricos estão repletos de exemplos da força transformadora dos grandes líderes, homens visionários que provocaram revoluções grandiosas, sendo que os historiadores costumam ignorar aqueles que materializaram as idéias revolucionárias. O líder e os seus liderados são indissociáveis quando atuam em conjunto, assim como oxigênio e hidrogênio formam a molécula da água. Se os dois forem separados, o propósito deixa de existir.

A figura do líder carrega uma aura que atrai para si os holofotes deixando os demais nas sombras. Por esse motivo é que todos querem ser chefes, visto ser esse o único meio de uma pessoa ter as suas qualidades reconhecidas. Esse conceito pode comprometer drasticamente o desempenho de uma equipe, já que em vez de se concentrarem no objetivo comum, as pessoas se empenham na missão de ocupar o cargo principal. O chefe, por sua vez, concentra suas forças na construção de trincheiras para defender seu território. Essas atitudes rocambolescas acabam consumindo a valiosa energia que deveria ser aplicada na boa condução dos objetivos que abraçaram.

Cada membro da equipe é uma fonte inesgotável de possibilidades, sendo que o alinhamento de forças pode levar a um impressionante ganho de produtividade. O líder deve catalisar as habilidades dos seus liderados numa espécie de alquimia sinérgica a fim de potencializar o desempenho do grupo. Quando a idéia do compartilhamento dos méritos for difundida e as pessoas acreditarem que terão seu lugar no pódio, elas concentrarão as suas mais potentes energias nas incumbências do seu cargo, assim como fizeram os gigantes guerreiros do lendário Leônidas na Batalha das Termópilas. No caso específico desse fato histórico, o grupo se destacou mais que seu comandante, tanto que o filme que os homenageou chama-se 300. Esse é o mais edificante propósito moral. Outros tantos feitos históricos são marcados apenas pela figura do protagonista.

Há pouco mais de um mês conheci um exemplo interessante do poder das equipes de alto desempenho numa empresa de consultoria contábil. Na Delta existe um senso de uniformidade onde cada membro é um micro gestor. O conhecimento não fica concentrado no chefe até porque o trabalho é caracterizado pela interdependência dos integrantes da equipe. Outra característica interessante é que a empresa é capitaneada por uma mulher que comanda com sabedoria um grande contingente de colaboradores, na sua maioria mulheres. A hegemonia feminina produz resultados importantes. As mulheres são naturalmente mais caprichosas e têm uma grande capacidade de comunicação e percepção, ao passo que os homens costumam se comunicar uns com os outros através de resmungos. Além do mais, as mulheres de alto nível profissional deixam o ambiente mais leve, charmoso e perfumado.

A criatura humana é dotada de um instrumento capaz de